
Quem nunca teve problemas com esse assunto, sempre polêmico e delicado, acaba sofrendo com o pré-conceito das pessoas que tiram conclusões precipitadas. O estudante Manoel Braga, 18, é heterossexual, mas desde os 12 anos é confundido com gay. O motivo? Nunca hesitei em pedir um abraço a um colega ou dizer que ele ou ela era muito importante pra mim. A maioria das pessoas vive de acordo com um padrão de coisas que se pode ou não fazer, em vez de fazer simplesmente aquilo que as faz bem , diz. Visivelmente revoltado com a situação, o estudante diz já ter escutado frases extremamente discriminatórias como você não é dos nossos e você não gosta da fruta .
O professor de inglês Yuki Fujita, 19, sofre com o mesmo problema de Manoel. Yuki começou a ser confundido com gay desde que adotou um estilo diferente do que as pessoas estão acostumadas. Me confundiam principalmente quando eu usava elementos metrossexuais ou mais alternativos , explica.
Quem passa pela mesma situação que Manoel e Yuki deve saber o quão difícil é lidar com o preconceito em relação a algo que você não é. Os colegas de Manoel tinham receio de serem vistos com ele. Eles preferiam se distanciar. Não me convidavam para festas, bate-papos, jogos, bebedeiras , conta.
Para passar por cima da discriminação, o estudante prefere ignorar os comentários maldosos e as brincadeiras de mau gosto. Não posso mudar o nível de consciência das pessoas. Não se pode levar a sério esse tipo de coisa. A impressão que tenho é que vivemos numa sociedade estereotipada , diz. Segundo a psicóloga Martha Daúd, a atitude de Manoel em relação à discriminação está correta. Tem que ignorar, não pode dar importância, dar ibope. Mas, se sozinho está difícil de dar conta do recado, não hesite em procurar a ajuda de um profissional , diz.
Já Yuki leva mais a sério esse lance de preconceito e acredita que existe uma lavagem cerebral que transforma as roupas em um código de vestimenta, as gírias em linguagem e padroniza o estilo de vida . Aqueles que não se influenciam por tudo isso, são mal recebidos e discriminados. Um ótimo exemplo é o que aconteceu recentemente quando alguns adolescentes adotaram o estilo chamado de ´emo´, e foram taxados de homossexuais. A Rede Globo resolveu transmitir matérias explicando o que é o tal ´emo´ e hoje em dia, qualquer pessoa que se vista alternativamente é taxada de ´emo´ pelo povo , desabafa.
Yuki não se importa com os comentários maldosos. Quando está em público, é comum o professor de inglês escutar palavras pejorativas como viado . Ele diz que geralmente ignora, mas, que de vez em quando, também gosta de surpreender quem age dessa forma preconceituosa. Às vezes, finjo ser gay e respondo de maneira afetada para a pessoa. É incrível como elas ficam quietas e vão embora assustadas , conta.
A psicóloga alerta que em casos parecidos com o de Yuki e Manoel, o bom relacionamento com a família pode ser fundamental. Um bom vínculo familiar, uma família participativa e centrada, na qual o diálogo é freqüente, ajuda o adolescente a superar esse tipo de acontecimento. Já no caso de uma família desestruturada, a situação complica e a identidade pode ficar comprometida , explica Martha.
Mas elas gostamÉ fato que o preconceito afeta diretamente as pessoas que passam por situações parecidas com a de Yuki e Manoel. Mas, como tudo tem seu lado bom, existem meninas que não ligam para esses rótulos e sabem lidar numa boa com a discriminação. Yuki conta que namorou uma garota que chegava a preferir pessoas alternativas como ele. Noivei por dois anos, o relacionamento terminou recentemente. Ela não só tolera, como se sente atraída por pessoas andróginas como eu, assim como todas as meninas do meu círculo de amigos , conta.
A estudante de psicologia Helena Conde, 18, confessa preferir os meninos mais educados e delicados. Muitas vezes, eles são confundidos com gays porque têm atitudes diferentes da maioria dos meninos. Mas já fiquei com garotos assim e posso dizer que de homossexual, eles não têm nada , diz. Helena conta que chegou a namorar um menino que era sempre confundido com gay e sofria demais com o preconceito. Alguns colegas meus me zoavam, dizendo que eu namorava um homossexual. Mas eu nunca liguei e não me arrependo. O namoro acabou por outros motivos , conta.
(Fonte: yahoo.com.br)
(Fonte: yahoo.com.br)
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